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quarta-feira, 19 de setembro de 2012


CULTURA DO ESTIGMA


13/05/2012 - Além dos problemas físicos decorrentes da obesidade, os indivíduos com excesso de peso ainda tem que lidar com um preconceito que afeta toda sua vida social. Estabelecidas como verdades, as noções de que essas pessoas são pouco atraentes. preguiçosas e  sem força de vontade tem consequência até na carreira profissional. As pessoas com excesso de peso, em geral, ficam com baixa autoestima, ocasionando a compensação com o uso de remédios emagrecedores, que por sua vez intensifica os problemas de saúde. A  obesidade é classificada nos próprios manuais de nutrição como difícil de ser tratada.  A taxa de sucesso nos tratamentos é muito baixa. Em muitos casos  os médicos e nutricionistas terminam por responsabilizar o paciente, '' que não se comprometeu com a dieta ou é preguiçoso''. Esse estigma não é exercido propositalmente pelos nutricionistas, além disso, a dificuldade no tratamento é frustrante para o profissional ao longo do tempo. É necessário trabalhar de forma conjunta com a sociedade para que haja uma compreensão de que a obesidade é uma doença e não uma '' sem-vergonhice''.



"Ao serem responsabilizados pelo próprio excesso de peso, os obesos entram em um ciclo de baixa autoestima compensada pela compulsão alimentar que perpetua a condição, em uma tentativa ilusória de rápida e fácil eliminação desse problema essas pessoas optam pelo uso de remédios anorexígenos, que nós chamamos neste blog de inibidores de apetite". Danylo Vilaça


MULHERES SOFREM COM ESTIGMA DA OBESIDADE MESMO QUANDO EMAGRECEM


Os pesquisadores pediram a um grupo de jovens – homens e mulheres – que avaliassem a descrição fictícia da vida de algumas pessoas. Estas pequenas histórias contavam sobre mulheres que haviam perdido muito peso (70kg) ou que haviam mantido o peso e que atualmente eram obesas ou magras. Os participantes deveriam então dar sua opinião sobre estas mulheres em uma série de atributos, entre eles o quão atraentes elas deveriam ser e sua aversão global para pessoas acima do peso. Publicado no periódico Obesity, os resultados mostraram que os participantes do estudo tinham muito preconceito contra as mulheres obesas, mais para aquelas que perderam bastante peso do que entre aquelas que mantiveram o peso, independentemente de esta mulher de peso estável ser magra ou obesa. “Ficamos surpresos ao descobrir que as mulheres atualmente magras eram vistas de forma diferente dependendo do seu histórico com relação ao peso”, diz Janet Latner, da Universidade do Havaí em Manoa, EUA. “Aquelas que foram obesas no passado eram vistas como menos atraentes do que aquelas que sempre foram magras, apesar de ter altura e peso idênticos.” 



Uma das conclusões mais preocupantes do estudo era de que as atitudes negativas em relação às pessoas obesas aumentam quando os participantes, afirmaram que o peso corporal é facilmente controlável.

“Pesquisas no campo da obesidade sugerem que a própria fisiologia e genética, bem como ambiente e alimentação, são os fatores que realmente interferem na manutenção, ganho ou perda de peso”, diz Kerry O’Brien, da Universidade de Manchester, no Reino Unido e da Universidade de Monash, em Melbourne, na Austrália, sugerindo que por saberem disso, as pessoas reagiram de forma ainda mais hostil com relação a afirmação feita. Para Latner, descrições de perda de peso, como aquelas frequentemente mostradas em programas de TV, podem piorar significativamente o estigma obesidade. Isso porque, ao mostrarem grandes perdas de peso entre pessoas obesas, a TV faz com emagrecer pareça algo simples e fácil, fazendo com que as pessoas tenham mais preconceitos contra aquelas que estão acima do peso, como se ela fosse gorda “porque quer”. 

Os resultados, dizem os autores, demonstram que o estigma da obesidade persiste contra as pessoas que já foram obesas, mesmo quando eles emagrecem. “O estigma da obesidade é tão poderoso e duradouro que parece mesmo sobreviver à obesidade em si”, concluem.


IMAGEM x REALIDADE

Atualmente percebemos a grande preocupação das pessoas com relação a
imagem corpo, afinal, estamos em uma cultura que valoriza o corpo magro e esguio, de forma que esta valorização é divulgada amplamente pelos meios de comunicação, especialmente no que se refere às mulheres. Para elas esse ideal de beleza é o que as levará para o patamar da felicidade e realização, isto tornou-se um imperativo.

Em uma sociedade na qual mulheres trabalham, cuidam dos filhos e estudam,
como arrumar tempo para construir esse ideal de beleza? Com todas essas tarefas cotidianas, torna-se praticamente impossível a realização de qualquer exercício físico, por mais que ele beneficie e dê resultados em questão de saúde e estética. As mulheres então partem para algo que não dispenda tantos gastos, tempo e principalmente esforço. Hoje ninguém quer emagrecer, mas sim ser emagrecido.

O objetivo de emagrecimento rápido leva inúmeras mulheres (principalmente) a se utilizar de remédios, muitas vezes proibidos para obter o ideal desejado, colocando a saúde em risco, inclusive sem nenhum aconselhamento médico. O uso sem prescrição médica de certas substâncias pode causar efeitos como irritação, insônia, ansiedade, taquicardia, dor de cabeça, dependência, deficiência de vitaminas lipossolúveis, etc.

Para um bom resultado é necessário o acompanhamento de um profissional, que respeite o paciente e coloque a saúde em primeiro lugar, afinal não acredito que alguma mulher deseje realmente estar linda e bela em cima de uma maca de hospital.

Por Luana Rodrigues.

PESQUISA: USO DE MEDICAMENTOS INIBIDORES DE APETITE


1) OBJETIVO

  • Objetivo Geral: Compreender o perfil de indivíduos do sexo feminino que utilizam remédios  inibidores de apetite.
  • Objetivo específico: Evidenciar os riscos causados pelos remédios anorexígenos, em mulheres.

2) METODOLOGIA

Utilizamos nesta pesquisa a abordagem qualitativa. Assim sendo, demonstraremos a realidade social subordinada ao olhar e à experiência dos indivíduos que usam ou usaram  medicamentos inibidores de apetite. Os dados utilizados serão construídos a partir das respostas obtidas através de entrevista voltada para a compreensão da percepção dessas mulheres sobre o uso desses medicamentos. 

3) RESULTADOS
Baseado na percepção do grupo, quanto às respostas das usuárias de remédios emagrecedores, notamos que há uma convergência entre o que elas dizem e o que os órgãos controladores, no caso a ANVISA, diz. Todas as mulheres entrevistas disseram usar o medicamento com intuito de uma melhora estética e sabiam dos possíveis riscos. Apesar dos relatos não condizerem com o que artigos e estudos científicos dizem sobre as reações adversas, ainda assim são riscos eminentemente comprovados. Dentre as vinte usuárias entrevistadas, apenas uma teve indicação médica. É de grande valia lembrar que não se deve praticar a auto-medicação. Os efeitos mais comuns citados foram: boca seca, mudança de comportamento (agressividade, sonolência, etc.), arritmia cardíaca e taquicardia.

Como descrição da entrevistada, no vídeo abaixo, usaremos o nome fictício TAB, que corresponde às iniciais de seu nome. Atualmente T.A.B. tem 26 anos e trabalha como recepcionista em uma academia, localizada no P.Sul - Ceilândia. Nos informou, ainda, que conseguiu esses remédios através da internet e que pagou em média R$ 160,00 a R$ 200,00 reais cada.


A T.A.B. nos ofereceu, espontaneamente, essa imagem que se encontrava em seu celular demonstrando os resultados do uso do medicamento feito por ela (Oxidil e Lipo 6 Black) durante o período de um mês.




T.A.B. relatou ter perdido, em um mês apenas, 23 Kg com o auxílio de medicamentos inibidores de apetite (Oxidil, Lipo 6 Black). Chegou a pesar 87 Kg e dizia se sentir muito fadigada e com auto-estima muito baixa. 


ESTUDO FEITO PELA ANVISA



O uso de medicamento para emagrecer é liberado, porém os farmacêuticos e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária agem  com rigor quanto à venda deles. Essa medida é necessária pois estes fármacos podem causar dependência e problemas cardiovasculares, e que, geralmente quem os usa está em estado de sobrepeso ou obesidade. Falando nisso, a obesidade é considerada como doença pela Organização Mundial da Saúde (OMS) desde o ano de 1991, sendo alçada em 2004 a doença do milênio pela entidade. 



A Agência Nacional de Vigilância em Saúde (ANVISA) realizou um Estudo denominado SCOUT, referente ao uso de medicamentos inibidores de apetite que podem causar dependência e problemas cardiovasculares, gerados por uma substância contida nesses remédios chamada Sibutramina, que foi desenvolvida na década de 80 como antidepressivo, agindo em áreas do cérebro que controla a sensação de bem estar e o humor, como também o apetite. Em nosso país a Sibutramina é classificada como medicamento sujeito a controle especial (Portaria 344/98) e a sua venda exige o recebimento de um via de receita em drogarias e farmácias. Concluído em 2009, esse estudo indicou que o risco de desenvolvimento de doenças cardiovasculares aumenta cerca de 16% em pacientes que utilizaram o medicamento, quando comparados àqueles que foram tratados com placebo¹

  • Placebo¹: substancia inerte ou inativa. 
Por Danylo Vilaça.



VÍDEO MARIA EUGÊNIA - ANVISA


Evidencias científicas indicam a    necessidade de retirada desses medicamentos que até então estavam sendo de fácil acesso. Ouça o que foi dito por Maria Eugênia Cury, Chefe do Núcleo de Gestão do Sistema Nacional de Notificação e Investigação em Vigilância Sanitária da ANVISA, e note a importância do tema para a sociedade em geral: A proibição da venda de três inibidores de apetite feitos a base de anfetamina (Anfepramona, Femproporex e Mazindol) aconteceu em 9 de dezembro de 2011. A decisão de proibição havia sido publicada em outubro pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Houve o prazo de 60 dias para os estabelecimentos se adaptarem.


SAIBA MAIS: Os inibidores de apetite atuam em uma região do cérebro conhecido por hipotálamo, que regula a sensação de saciedade e fome.




RISCOS DO USO DE REMÉDIOS INIBIDORES DE APETITE




Muitas pessoas não medem esforços para emagrecer, colocando até mesmo sua saúde em risco. A procura de remédios para emagrecer aumentou muito no Brasil, assim como seu uso. De acordo com o relatório divulgado pela Junta Internacional de Fiscalização de Entorpecentes (Jife), órgão das Nações Unidas, as pessoas tem consumido cada vez mais esses tipos de remédios, correndo sérios riscos devido aos efeitos colaterais que podem ser causados. Segundo o presidente da Abeso (Associação Brasileira para Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica), muitas pessoas que utilizam anfetaminas são obesas, mas apresentam algum problema relacionado à estética. De acordo com ele, são pessoas que pesam 55Kg, por exemplo, e tomam esses remédios para perder cerca de 2Kg. Estando essas pessoas sujeitas a sofrerem mais com os efeitos colaterais.

Algumas pessoas que tomam remédios para emagrecer, ao parar o tratamento com os medicamentos, aumentam mais o peso; tornando-se dependente de um anorexígeno, substâncias como fentermina, fenproporex, anfepramona e fendimetrazina, causando grande preocupação nos especialistas.

O remédio usado com este objetivo causa diferentes ações no organismo  muitos efeitos colaterais. O uso sem prescrição médica dessas substâncias pode causar efeitos como irritação, insônia, ansiedade, taquicardia, dor de cabeça, dependência, diarreia, deficiência de vitaminas lipossolúveis ( A, D, E, K), perda muscular, e etc.

Para um bom resultado é necessário o acompanhamento de um profissional especializado, respeitando o quadro do paciente e o uso determinado na indicação. A tendência de consumo dessas substancias deve ser vigiada, identificando possíveis exageros para que seja feito um controle dos canais interiores de distribuição.

Deve-se dar atenção, também, aos medicamentos que são vendidos ilegalmente pela Internet. A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), órgão responsável pela fiscalização dos medicamentos disse que estabeleceu um convenio com a Policia Federal para localizar e fechar os sites que fazem esse tipo de comércio.

No entanto, ter consciência dos problemas que esses remédios podem causar, serve para fazer as pessoas mudarem de atitudes em relação ao uso e abuso desses medicamentos, procurando formas mais saudáveis de melhorar não somente a aparência, mas também a saúde.

Fonte: http://www.mundodastribos.com/os-riscos-dos-remedios-para-emagrecer.html






SIBUTRAMINA E SUA EFETIVIDADE

Mesmo considerando as melhorias já implantadas no processo de controle na venda dos anorexígenos os riscos “continuam existindo” para os pacientes que ainda os utilizam. Eles podem provocar reações indesejáveis no sistema 
nervoso central, cardiovascular e gastrintestinal. Além disso, eles possuem 

um elevado potencial para abuso, dependência, tolerância e abstinência 
(BEHAR, 2002). Devido ao alto potencial para dependência e tolerância, os anorexígenos não são recomendados para tratamentos que ultrapassem 8 a 12 semanas. Apenas a sibutramina foi aprovada para uso prolongado (>12meses), por ser considerada mais segura, sem potencial para abuso e dependência.



Atualmente, os anorexígenos têm sido questionados quanto à efetividade em longo prazo. Até hoje, nenhum estudo clínico controlado e randomizado, envolvendo um número grande de pacientes, demonstrou que eles produzem benefícios à saúde por um longo período. Embora causem perda de peso maior nas primeiras semanas de tratamento, em torno de 0,2 kg por semana, a redução de peso atribuível aos anorexígenos é em geral modesta, e uma recuperação parcial de peso ocorre quando eles são usados por período superior a um ano. Além disso, em quase todos os casos, a perda de peso alcançada com inibidores de apetite é revertida, quando o tratamento é interrompido e não são mantidas mudanças nos hábitos alimentares e atividade física.

A sibutramina é a única que vem demonstrando benefícios em longo prazo. Associada à dieta, induz a uma perda de peso, em torno de 5 a 9% inicial até 12 meses, e manutenção por no máximo 2 anos em uso do medicamento. Entre os anorexígenos, o mazindol e a sibutramina são os que apresentam menos efeitos grave e menor potencial para abuso, por não apresentarem relação com anfetamina (FLIER, FLIER, 2009).

Já a sibutramina não apresenta histórico associado a anormalidades valvulares ou hipertensão pulmonar (LI, CHEUNG, 2009). Geralmente os efeitos adversos provocados por ela são mais brandos, mais tolerados e de duração menor, quando comparado com os anorexígenos noradrenérgicos, nos quais incluem; dor de cabeça, boca seca, insônia e prisão de ventre. A preocupação maior com a sibutramina está relacionado a risco cardiovascular, que inclui aumento da pressão arterial e frequência cardíaca, em que uma dose de 10 a 15 mg/dia, pode levar a um discreto aumento da pressão de 2 a 4 mmHg, e na frequência cardíaca de 4 a 6 bpm (FLIER, FLIER, 2009).

Opinião: Os anorexígenos anfetamínicos não deveriam ser recomendados, e não justificaria criar novas normas na tentativa de aumentar mais o controle, já que os riscos que eles podem causar são verdades científicas bem documentadas. Para a sibutramina, medicamento até então parcialmente efetivo e único mantido, foi implementada uma nova resolução que mantém as mesmas restrições existentes, mas com um termo de responsabilidade que informa bem sobre todos os riscos, restrição do uso e tempo limitado, no intuito de aumentar mais o controle sobre ela e evitar danos à saúde. Diante os riscos apresentados pelos anorexígenos, a decisão da ANVISA de proibição dos três anorexígenos é a mais viável, e a manutenção da sibutramina por enquanto é tolerável sob um controle mais rígido. Porém outras soluções devem ser tomadas para que a proibição não traga problemas como; a produção dos medicamentos sem a devida licença e fiscalização da vigilância sanitária e a venda ilícita. Portanto, o investimento em pesquisas de novos medicamentos que sejam eficazes, seguros e acessíveis é fundamental, diante da opção limitada de medicamentos para emagrecer, com a sibutramina e orlistate.

Por Deildeala Barros.